Quantos de nós estamos vivendo a rotina do dia-a-dia negligenciando as coisas do espírito... Até que uma doença ou acontecimento doloroso provoque uma mudança na nossa vida e venha nos despertar para esta outra realidade. Quem busca Deus, acha-O e aprende a “Amá-lO sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”
O Que é o Amor?
Quem pensa que o amor inventa, presume-se criador!
O Amor é pré-existente ao próprio Universo...
Faz-se anunciar no azul do céu, na beleza das flores;
No vaivém das ondas do mar, na verde pradaria,
E, no soar dolente do sino, na hora da Ave Maria!
Esparge o seu hálito na penumbra das florestas,
Nas cordilheiras nevadas e nas noites enluaradas.
Seu brilho se reflete nas estrelas que cintilam no firmamento.
O amor, também, é sentimento.
É entrega feliz, doação e, sobretudo, perdão.
Alimento do corpo e da alma, e pode estar contido
Em um simples gesto... da palma da mão!
Mas o amor, na verdade, tem sua força, na união.
Ele é o Todo, que agrega as partes,
O Amor é íntegra...ação.
Fé
No limiar da vida,
Indicaram-me a estrada
Para a ti chegar.
Imaginei-me só
Num ponto de partida;
À frente, a distância
A me desafiar...
Disseram-me, então,
Que só nos templos
Eu poderia Te encontar.
Mas oh! Desilusão!
Pareceu-me ser uma igreja
Um espaço limitado
Para o Cristo ressurrecto
E para o Pai da Criação!
Meu Deus, perdão!
Mas sendo também tua filha
Prefiro saber-te acolhido
No sacrário do meu coração!
(In “Estação do Amor” –2000)
O Valor da Oração
Ensina teu filho a orar quando criança
E estarás a lhe abrir o portal do infinito.
Pelo pavio da oração se acende a esperança
E ajuda a construir um mundo mais bonito.
Quando vejo em um pai total desesperança
Em nome da solidariedade o advirto:
– Ensina teu filho a orar quando em criança
E estarás a lhe abrir o portal do infinito.
Há no ser humano, tendência pra tardança,
Que o impede de ouvir o seu interno grito
Chamando-o à meditação que o divino alcança
Para criar laços perenes com o Infinito.
Ensina teu filho a orar quando em criança...
O Sopro de Deus
Dizem que o Pai Eterno
Soprou tudo que criou
E assim até no inverno
Soprou o vento do amor.
Mas se existe um canto terno
De aconchegante calor
Decerto, não é o inferno,
Pois este, o homem criou.
Da consciência vem a voz.
O inferno e o paraíso,
A lágrima e o sorriso
Sempre estão dentro de nós!
Cegueira
Quem quer que se apegue
À ficta realidade
Quem quer que o Todo negue
Negando a unidade.
Quem quer que use a queixa
Pra chamar atenção,
Nas mãos dos outros deixa
Do problema, a solução.
Quem quer que não reconhece
Em Deus, o Pai Bom e Eterno,
Cuidando que desfalece
Ante o temor do Inferno;
Não entendeu o chamado
Do Cristo interiorizado.
A Ave Canora
Inebriada de amor
Minh’alma altiva clamou:
“Deixa Senhor que eu seja o teu cantor
“E que o meu cantar
“Seja um hino em teu louvor”
Após o silêncio que em seguida imperou
Uma voz singular ecoou
Na concha do meu ouvido:
“É fácil atender ao teu pedido
“E para muitos antes de ti
“A mesma petição deferi...
“Na fauna, o rouxinol, a humilde juriti
“E quem na densa floresta adentrar
“Poderá escutar o uirapuru a cantar
“Mas neste mundo de eterno competir
“Quem tem parado para me escutar
“Na voz do pássaro a cantar,
“Ou meditar no seu próprio existir?
“Em Assis, séculos atrás,
“Um rapaz abandonou a guerra
“E regressando à sua terra
“Construiu uma capela para me louvar
“Mas a alegria dos pobres,
“Que ali se reuniam, durou pouco
“Incendiaram o pequeno templo
“E o trataram como louco...
“Mas ao queimarem a capela
“Tive o mal a meu serviço,
“Prestando-me real benefício;
“Mostrando que posso estar
“Permeando o universo
“E na natureza expresso
“Meu amor pela criatura,
“Que terá toda ventura
“Quando, como Francisco,
“Ver-me sempre refletido
“Na beleza da criação...
“E louvar-me com alegria
“No altar do seu coração”
Emudeci compreendendo o teorema;
Com lágrimas nos olhos, humildemente, pedi:
– Pai, deixa-me ao menos escrever poemas?
Vindo do jardim, um som conhecido ouvimos:
“Bem-te-vi!”
Sorrimos...
(In “Estação do Amor” – 2000)
Síntese
Nesse momento grave em que vivemos
Onde o ódio, na guerra, digladia,
Proteger o planeta onde vivemos
É desafio que temos cada dia.
Há um espaço mui simples, de alegria,
De onde nós podemos neutralizar
Nossa tristeza a tanta rebeldia
Ao chamado do Mestre para amar...
Nesse recanto há muita beleza,
(Que muita gente chama de utopia),
Ele existe, está na natureza
E pode ser expresso na poesia.
Eu já fiz até verso decassílabo
Para falar de amor e união;
Hoje escrevo somente um monossílabo
Para sintetizar esta lição:
PAZ
Urgência
O tempo, qual chama, vai queimando os castelos
Dos sonhos mais belos, transformando-os em cinzas.
Buscando céus, nossa alma clama pelo divino
E rompe os véus que turvam sua visão.
– Faz-se a luz!
Desaparecem, então, as nuvens da mágoa e do medo
Que fizeram de nós, viajores em degredo,
Que ao Amor não deram ouvidos, imputando ao destino,
– Como se fossem meninos –, seus próprios desatinos.
Alhures, alguém conclama:
– É tempo de renovar, proteger o mar,
A fauna, as flores, que recendem mil olores
Sob o velário do céu...
Em meu interior, uma Voz ressoa:
– Ama! a alvorada do tempo vai longe
O tempo urge! Eis que a noite surge,
Levando as cores da vida.
Ama! como se hoje fosse,
Teu último dia
Olhai os Lírios do Campo
Não era escultor, mas sua mão era o cinzel
Que lapidava o diamante reluzente da dor.
Não era pintor, mas sua voz era um pincel
Que plasmava na tela da alma humana
A verdadeira imagem do amor.
Não era maestro, mas regeu as forças
Da Natureza e amainou as íntimas tormentas
Que avassalavam o coração das criaturas.
Como Poeta, revelou um Deus
Que se manifestava na natureza
Vestindo os lírios do campo com grande esplendor.
Como Compositor, pautou no éter
As notas de ternura cristalizadas
Nas Bem-Aventuranças.
Homem, soube amar em Madalena
Mais que a aparência... a sua essência.
Elevado, elevou o homem de servil condição
Para a de herdeiro da Criação!
Deus em Ti
Com emoção contida, ao mestre indaguei:
– Por que não vemos a Deus?
O mestre, reflexivo, respondeu-me:
– Você não vê a brisa, mas sente sua presença
Quando ela afaga seu rosto e cabelo.
Você não vê o oxigênio que aspira. No entanto,
Todo o seu organismo depende dele para estar vivo.
Você não tem dúvida quanto à existência do Sol,
Do mar, das estrelas, que vê,
Como da brisa e do oxigênio que não vê.
Você também não vê o Amor,
Mas pode senti-lo – como à brisa –,
Ou beneficiar-se dos seus efeitos – como ao oxigênio.
O Amor está intrinsecamente presente na perfeição do Universo
E sua ausência pode ser percebida numa cena de violência,
Ou num cenário de destruição.
E olhando-me nos olhos, enternecido, concluiu:
Ama! e verás Deus em tudo...
E em ti.
Origem Divina
O tempo rápido passara
Enquanto o mestre e o discípulo,
Em passos lentos, contornaram o lago.
– Mestre, quantas personalidades
Habitam dentro de mim? Indagou o discípulo.
O Mestre, contemplando o lago, respondeu:
– Tua personalidade é única,
Como um diamante, que continua o mesmo,
Desde a forma bruta em que é encontrado
E as fases posteriores até concluir sua lapidação.
O discípulo insistiu:
– Por que, então, mudo constantemente
De humor, atitude e opinião?
– Olha o lago, ele sempre refletirá a imagem
De quem se inclina sobre ele...
Mas essa imagem é, apenas, reflexa.
O lago permanece o mesmo...
E fitando o discípulo nos olhos
Recebeu de volta o seu olhar...
Amorosamente, concluiu:
O ser humano, do nascimento até a morte
Vai refletindo o ambiente em que vive.
Nada altera, contudo, a sua essência.
O que comprova sua origem divina.
Roma ou Amor?
Forte, Roma dominava...
A Judéia já esperava
Aquele que a salvaria
Da mão forte do opressor.
Finalmente, Ele chegou
Disfarçado de pedinte;
Pelos homens rejeitado
Pelos astros festejado.
Apesar das suas curas
E tantos, tantos, prodígios,
Não fora reconhecido.
Ele, o Príncipe da Paz...
Preterido pela turba
Em julgamento sumário
Que libertou Barrabás.
Um conhecido sicário.
A lança que o traspassou
Fez cumprir-se, em Maria,
A terrível profecia
(de Simeão).
Ele era o Caminho,
A Verdade e a Vida.
Aquele que de si, falou:
– EU SOU.
Seu rosto ficou impresso
No manto que o enxugou...
Não me peçam, por favor!
Que eu decline seu nome...
Ele venceu o calvário
Ele é Roma ao contrário
Descobriram? É AMOR!
Universo
Pai Nosso que estás no Céu
Que refulge no Universo
Que eu consiga nestes versos
Mostrar-Te como Te vejo:
Deus criou o Universo
E tudo que nele há
Fez o anverso e o reverso
No céu, na terra, no mar;
O sol brilhando de dia
De noite a luz do luar
Fez o amor e a poesia
Pra natureza louvar.
Pra natureza louvar
É preciso atenção
Ter ouvidos pra escutar
Os sons que vêm do sertão
O sertanejo a tocar
Apertando o violão
As águas a murmurar
Em total integração
Em total integração
Louvemos o Criador
Que nos deu um coração
Pra ver tudo com amor...
Amando o nosso irmão
Sem ver sexo, raça ou cor.
Mas para a paz alcançar
É preciso perdoar!
É preciso perdoar
Esquecendo a ofensa
Pra poder se libertar
E receber recompensa
Poder a todos fitar
Sem nenhuma malquerença
Aprendendo na oração
A evitar a tentação.
Ao evitar a tentação
Nos afastamos do erro
Alegra-se o coração
E o medo sofre desterro
Mudamos nosso padrão
De viver sempre em tormento
Na mente fala a razão
Que elimina o sofrimento.
Eliminar sofrimento
Deve ser meta de vida
Através do pensamento
De uma alma renascida
Que acreditando no amor
Ao mal não mais dá guarida
Esperando com ardor
A Canaã prometida.
A Um Passo...
A um passo da chegada ou da partida,
Nervos tensos pela expectativa.
A um passo da derrota ou da vitória
Explode o caldeirão das emoções.
Chegar ou partir,
Perder ou ganhar...
– Que importa? Se breve é a vida
E efêmera a glória...
E se enfrentando a morte
Somos todos campeões?
Como as Flores
Não te prendas aos sentimentos...
Lembra que só o Amor dulcifica a vida
E ensaia vôos que te levarão ao infinito.
Aprende com o dia que se despe das cores
Mas em um novo dia ressurge
Como as flores.
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